sexta-feira, 18 de junho de 2010

Robotizante

Não me acho o melhor dos vivos,
Dos mortos, devo ser o pior
Entre cada esconderijo obscuro
Quebro meus tetos, rasgo minhas flores,
Prendo-me em sua raiz

A cada cidade, bebo do seu solo,
Engulo o suspiro como num ato de coragem

Em minha vida inexistente
Brando todo o meu sangue
Pálido e incolor

Como se a virtude fosse viver mortamente

terça-feira, 15 de junho de 2010

Voz ativa

"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu" - Como diz Chico Buarque, há dias que você é simplesmente ausente de todas as suas atividades ou sua opinião é simplesmente indiferente, desconhecida. Suponho que não seja somente isso. Por indiferença as pessoas desconhecem. Talvez seja culpa das grandes atividades realizadas ou elas estão simplesmente ausentes do mundo. O fato é que é muito mais fácil não perceber algo que está bem à sua frente, ignorar um problema que não é tão fácil de ser resolvido. Assim, se fazendo de mortos, cuidam de suas famílias, criam seus filhos, ganham seus salários e até mesmo pagam seus impostos. Cidadãos que efetivamente partiram ou morreram não são ninguém mais que uma fotografia no quarto ou uma carta mofada.
O que seria da sociedade se todos se intressassem por questões sociais? Metade dos problemas estariam resolvidos, obviamente. Mas o ser humano é egoísta por natureza. Individualmente, sempre buscou aquilo que é melhor para si, nem mesmo num país socialista a situação era diferente, até porque tem sempre um querendo passar a sua frente. Desse modo, ficam um do lado do outro sem nenhuma união presente. O que nos falta é muito mais do que solidariedade, precisamos de inteligência. Nada que aprendemos nas escolas, nada que nossos pais possam nos ensinar. É uma questão de reflexão. 
No entanto, a reflexão não seria a mesma por todas as pessoas, já que temos determinadas culturas, religiões, famílias, genes. Poderia até mesmo uma só pessoa ter várias. Mesmo assim, de algum modo, todos chegariam a um mesmo objetivo. Não podemos simplesmente ignorar o problema alheio, a vida da outra família, a dificuldade do outro país. A pobreza, a desigualdade, o racismo, o preconceito, o analfabetismo e todos os males que você puder pensar que existe e juntar com aqueles que desconhece, são problemas de todos. Digo todos pois de uma forma ou de outra isso vai lhe afetar. Seja você pobre ou rico, público ou desconhecido. Não importa onde você esteja nem o quanto você tem, de uma forma ou de outra vão  lhe afetar. É muito mais fácil colocar a culpa no Estado que não usa o dinheiro o público adequadamente, mas quem colocou aqueles homens em seus lugares foi você, como um utúpico cidadão honesto. A nação está nas mãos de cada um, não pense que é uma parcela pequena, já que a consequência é grande e perdidamente eficaz. Sejamos nós existentes. Honremos o ar que respiramos ou viveremos eternamente em constante agonia