terça-feira, 5 de junho de 2012

Do tempo que eu era criança

Nada esconde esse lugar. Esses ares arborizados, céu azul e luz do dia não me convencem. Nada tira a tristeza desse lugar. Nem mesmo a paisagem com pôr-do-sol tira a melancolia daqui. Cores e pessoas vivas em uma casa onde não há alegria. A solidão assombra em pleno sol do meio dia. Parecem folhas secas e velhas corcundas andando pelo bosque. A paz não é de boas amizades. É um bom nome para o silêncio que assombra. Nem ao mesmo nos afazeres do dia posso me desfazer disso. Lugar barulhento, inquietante, blasé. Lugar que finge ser o que não é, vive numa constante atuação, na qual não consigo sair, não posso me libertar. Por que convenceriam você que um lindo jardim seria um labirinto? Desses que te cercam e te escondem por sua beleza. Deixam-na muda com suas orquídeas e beija-flores. Esses sim são libertos, não se deixam enganar pela beleza de uma flor. Ao escurecer, pergunto para o tal lugar porque tanta manipulação. É como um cenário de uma bela paisagem no meio da cidade abandonada, no meio do caos onde todos os cegos conseguem enxergar a dor e o abandono do lugar. Nem mesmo as estrelas são capazes de suportar todos os gritos e sussurros da depressão que assola. Eu quero o escuro do mundo, coberto de sua superficialidade numa camada sutil para que eu não me perca. Do escuro, eu via o infinito. Sem abraço ou ilusão. Cheio de perdas e ingênuas lembranças do passado. Da época que a beleza da vida e os pássaros fingiam que existiam.

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